O ENCOBERTISMO

 

 

Quando se tornou pública a proclamação do venerável Dom Manuel I, O.S+S., Alves de Assumpção Rocha como Imperador Constitucional do Império Sul-Brasileiro, os republicanos, responsáveis pelo golpe de Estado de 15 de novembro de l889 e, consequentemente, pelo estado calamitoso em que se encontrava o país, recrudesceram em seu fanatismo e nas ações criminosas em defesa de seus próprios interesses.

Urgia, para eles, destruir o novo símbolo que surgia, e igualmente, tudo que lhe era afeto. Logo iniciaram-se as ameaças à nova Família Imperial que o Povo Sulino havia ousado proclamar e estabelecer. Dom Manuei deveria ser preso, junto de seus familiares, e sumariamente fuzilado, Ele e os Seus, como criminosos de lesa-pátria!

Isto era o mínimo a ser feito! Para o Povo Sulino, que ousa­ra desafiar e ofender a “Sacrossanta” República, outras punições seriam aplicadas, preservando-se, sempre que possível, as vidas, para assegurar servidores quase escravos! Essas informações e ameaças correram todo o território do ideal Império Sul-Brasileiro, ou seja, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Uruguai!

No Rio Grande do Sul e no Uruguai, a sempre desejada Cisplatina, chegaram a se estabelecer listas de donativos para garantir o exílio da Família de Dom Manuel em uma das nações vizinhas, onde houvesse segurança e possível aceitação oficial.

Nesse ínterim, porém, o Povo Sulino diretamente envolvido na Revolução optou por um caminho que lhe pareceu mais prático e mais facilmente realizável: o caminho do Encobertismo.

Para proteger a Dom Manuel e Sua Família, como a si próprios, de alguma criminosa vingança dos republicanos, todos e cada um passariam a encobrir a Proclamação, negando-a. E assim fize­ram, e com eficiência, dando um magnífico testemunho de apreço, de fidelidade e de devoção à Sua Família Imperial!

Dom Manuel não foi “desproclamado” porque, se assim fosse dito, sempre persistiria o “crime” da proclamação. O melhor seria dizer-se que a proclamação jamais acontecera. E que os docu­mentos que haviam chegado a distantes regiões eram todos apócrifos...

Para o povo mais simples, essa providência pareceu certa e suficiente. E esse povo a observou com fidelidade e firmeza. É verdade que contrariava, em algo, os ensinamentos de Sao João Maria. Mas, de outra parte, protegia a Família Imperial que eles haviam escolhido contra qualquer atitude criminosa dos inimigos da Ordem Divina.

Mas aquele povo bom, na maioria humilde, não via bem a extensão que o fato tomara, lá do outro lado! A notícia da Proclamação Imperial se espalhara, especialmente no Sul, onde palpitavam milhares de corações federalistas, a quase totali­dade monarquista de fiéis contornos e de aguerrida tradição.